06 janeiro 2015

Poste 117-2

Uma vez tive um sonho meio estranho que deu origem a esta historinha.
Em um bairro tranquilo de São Paulo, dita naquela época a cidade que mais cresce no mundo, morava uma família com pai, mãe e dois filhos, em uma pequena casa herdada dos avós.
A vida corria tranquila, cada um com seus afazeres e divertimentos, quando certo dia parou um pequeno caminhão hoje chamado “VUC” (Veiculo Urbano de Carga) e dele desceram três homens e uma mulher em uniformes. Eram representantes técnicos da companhia fornecedora de eletricidade que explicaram que uma vez por mês era sorteada uma casa que ficava em frente a um poste de numero final 117-2 para ter toda a fiação e as tomadas de eletricidade trocadas de graça.
A principio a família que foi acordada naquele sábado bem cedo, não queria nem atender aqueles “chatos”, mas alguém lembrou da tal promoção feita pela maior fornecedora de artigos elétricos do país, e resolveu abrir a porta.
De fato a instalação foi toda renovada e ficou ótima. Eu sempre quis saber o que significava aquele numero 117-2.
Anos depois descobri que eram um código de Cia de Eletricidade para saberem que aquele setor podia alimentar pelo menos mais 50 casas com folga, ou seja, havia eletricidade disponível aos montes.
Só descobri isso quando o representante de uma grande construtora fez uma oferta irrecusável para que vendêssemos a casa, pois eles precisavam do terreno para construir um prédio novinho. Quando citei a tal renovação da instalação elétrica ele apenas esboçou um mal disfarçado sorrisinho no canto da boca e não disse nada, a não ser que o que interessava á construtora era só o terreno. Mais três casas vizinhas foram compradas e demolidas naquela ocasião.
Para nossa família e as outras atingidas por aquele acontecimento, foi um verdadeiro transtorno achar outro local para morar de preferencia não muito longe para não mudar toda a rotina de trabalho.
Um ponto positivo é que fomos pagos religiosamente de acordo com o contrato. Também era o mínimo que se podia esperar. A Construtora não podia perder tempo com paralização de obras causadas por processos dos descontentes. Não fosse por isso talvez ainda estivéssemos esperando para receber.
Hoje há um belo prédio de dez andares no lugar das três casas..
Moral da historia: “Quando a esmola é grande, faça como o Santo: desconfie”.

Como os caras colocam no fim dos filmes para se defender de possíveis processos:
Esta é um historia de ficção. Qualquer semelhança com a realidade terá sido mera coincidência.

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