14 dezembro 2014

38 anos como jornalista

Recebi de um ex aluno jornalista e reproduzo aqui com a devida permissão. É bom ler isto, talvez se possa aprender algo.

Apos 38 anos como jornalista e 18 anos como micro empresário, acho que posso dizer que conheço razoavelmente a natureza humana. A falta desse conhecimento, há anos atrás, foi fonte de prejuízo que eu teria evitado prestando mais atenção ao caráter das pessoas e não ao seu puxa-saquismo.
Tive por alguns anos uma micro empresa prestadora de serviços nas áreas gráfica e fotográfica.. Tínhamos, é claro, um setor de vendas que tentava captar clientes através de entrevistas e contatos via telefone e internet. Contávamos com alguma propaganda para divulgar nossa empresa.
As vendas não iam muito bem por diversos fatores principalmente porque a população empobreceu de modo assustador nos últimos 30 anos, e muitos de nós não percebemos isso.
Aconteceu que um dia dei uma carona para um vendedor que ia na mesma direção que eu. Procurei conversar e especular um pouco sobre a situação das vendas fracas. Quase de imediato ele passou a dizer que os vendedores davam o sangue pela empresa mas que seus esforços eram inutilizados pelo encarregado geral que não resolvia nada. Fiquei muito contrariado pois o tal encarregado sempre me parecera pessoa absolutamente integra e confiável. Estaria ele agora depois de tanto tempo traindo minha confiança?
Comecei a pressionar o encarregado que realmente não sabia de coisas que me foram ditas pelo vendedor. Tempos depois, quando já era meio tarde, descobri que o vendedor mentira descaradamente. O encarregado foi ficando aborrecido pela pressão constante e pela sabotagem disfarçada de que éramos vitimas e, um dia se demitiu e foi trabalhar em lugar “mais saudável”. Com isso perdi um excelente funcionário. Aquele tipo de pessoa capaz e confiável. Sabe como é? O tipo de sujeito com quem você pode deixar a chave de sua casa e viajar sossegado. Honestidade e retidão de caráter muitas vezes são invisíveis. O homem integro geralmente não suspeita de inferioridade nos outros. Ele procura sempre ver o lado positivo das pessoas. Não sei se hoje em dia alguém seria tão ingênuo assim. Alias é melhor que não seja ou vai ser rapidamente eliminado pela rede de intrigas e incompetência que campeia no mercado de trabalho.
Parece que em vez de estudar para se melhorar as pessoas hoje tratam de mentir descaradamente para derrubar aqueles que são melhores que eles. A inveja, se usada de modo positivo, faz que a pessoa se esforce, estude e lute para ser melhor que os outros. Mas quantas pessoas você vê hoje em dia que fazem isso, quando é muito mais fácil falar mal e difamar os outros.?
Minhas conclusões:
• quem fala mal dos outros sempre tem como objetivo esconder a própria incompetência.
• jamais se deve confiar em “puxa-sacos”. Hoje eles traem o colega amanhã eles traem você.
• conheça as pessoas pelo seu caráter, seus princípios éticos. A competência no trabalho pode ser treinada mas a retidão de caráter é de nascimento.
• quando estiver em duvida sobre algum funcionário,promova uma reunião com ele e seu acusador. Você vai ver que 99 vezes em 100 aquele que mente e deturpa os fatos é o que mais esbraveja e se diz ofendido.

Eis o que aprendi em minha longa vida de trabalho. Aprenda de mim e aproveite melhor sua vida e seu trabalho.

A. B.M. Jr.

Jornalista e empresário ( tentando sempre entender melhor o ser humano)